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1° Oficina de  Discussão da Agenda Cidades Saudáveis

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Reflexão 

 Apos realizarmos a 1º oficina de capacitação – Oficina de discussão da agenda cidades saudáveis no contexto do desenvolvimento sustentável e na promoção de saúde com recorte étnico-racial  nossas primeiras impressões corroboram a idéia de que os Terreiros de Candomblé possuem uma visão particular na compreensão das categorias sociais de desenvolvimento sustentável e de promoção de saúde. As informações até agora obtidas, também, apontam que os adeptos do Candomblé da cidade de São Francisco do Conde têm consciência das discriminações que são acometidos nos serviços de saúde da referida cidade. Este fato foi reafirmado pelos pesquisadores por meio da observação das atitudes e comportamentos dos funcionários em diversas situações. Destacamos, aqui o fato de muitos profissionais de nível médio que são pentecostais das denominações nacionais, que deveriam participar da oficina de capacitação não retornarem às atividades por se recusarem compartilhar o espaço com os sacerdotes de matrizes africanas.
O racismo e a intolerância religiosa é um fator que implica diretamente no bem estar físico e mental. Neste sentido, a utilização das Agendas Cidades Saudáveis e 21 local, as quis prevêem a utilização de tecnologias sociais participativas e abordagem integradora dos princípios e categorias do desenvolvimento sustentável e da promoção da saúde podem alagar as brechas de participação dos grupos discriminados e intervir diretamente nos preconceitos arraigados na população de São Francisco do Conde e conseqüentemente nos profissionais de saúde.  

 Resultados da Oficina

A Oficina configurou-se como um espaço de debates e reflexões. A participação dos diversos segmentos, entre eles profissionais da SMS, representantes das religiões de matriz africanas, representantes dos conselhos municipais possibilitou discorrer sobre a temática a partir dos distintos olhares, possibilitando compreender a diversidade de representações sociais  que emergem destes diversos atores sociais, particularmente no que tange as religiões de matrizes africanas. As observações e os registros obtidos a partir desta atividade nos ofereceram auxilio para subsidiar algumas hipóteses:
-            Existe uma incompreensão acerca de algumas categorias relacionadas à temática do projeto pela grande maioria dos profissionais e demais participantes do evento. Tão quanto, a apreensão sobre a as políticas dirigidas ao segmento da população negra ainda encontram-se em um patamar embrionário o que reforça a significância da iniciativa por parte da gestão atual de promover ações em âmbitos diversos buscando a problematização da discussão sobre as questões étnico-raciais no contexto local;
-             A crescente ampliação das igrejas evangélicas, principalmente as neopentecostais, tem aprofundado as relações de intolerância ao candomblé, que se constitui como a religião de matriz africana com maior preponderância local.
No que compete à reflexão sobre as práticas de saúde nos terreiros e o alinhamento destas ações ao tratamento dado pela medicina convencional nas Unidades de Saúde da região, foi possível registrar as seguintes considerações:
-            As práticas religiosas voltadas ao cuidado à saúde (ou cura de enfermidades) realizada nos terreiros encontram forte resistência de aceitação pelos profissionais de saúde. Todavia percebeu-se ao longo das atividades promovidas pelo evento a abertura dos profissionais e das lideranças do candomblé para um diálogo em que possa pensar-se em práticas que venham integrar estas dimensões de cuidado a saúde.
O texto base, produzido previamente a realização da 1ª Oficina constituiu-se como norteador para as discussões e proposições a serem levantadas nas oficinas temáticas. É relevante considerar o papel interventivo desta ação, onde se buscou junto à representatividade da sociedade civil e do governo local pensar a promoção de políticas de saúde que possam responder as particularidades da população local, ao mesmo tempo em que integrem o conhecimento científico ao saber tradicional das religiões de matrizes africanas, potencializando estes espaços como promotores de saúde a partir de uma perspectiva sustentável em suas ações.
Os debates realizados nas oficinas temáticas produziram as seguintes proposições pautadas no texto base que deverão ser analisadas e gestadas no conjunto SMS, conselhos e representantes religiosos:
-         Identificar na cidade os bairros com maior concentração da população negra;
-        Realizar atividades de urbanização como saneamento básico, plantio de árvores e edificação de praças de lazer, nos distritos e bairros mais pobres;
-        Ampliar as parcerias dos núcleos de combate à discriminação e promoção da igualdade de oportunidades, das superintendências regionais do trabalho, com entidades e associações do movimento negro e com organizações governamentais e não governamentais.
-        Capacitar gestores públicos para a incorporação da dimensão étnico-racial nas políticas públicas de trabalho, emprego e renda;
-        Ampliar o apoio a projetos de economia popular e solidária nos grupos produtivos organizados de negros, com recorte de gênero e idade;
-        Propor sistema de incentivo fiscal para empresas que promovam a igualdade racial;
-        Apropriar-se das resoluções do plano decimal;
-        Promover ações que estimulem  as agências de ensino superior  a incorporarem  transversalidade  étnico-raciais e de gênero em seus curriculos;
-         Implementar uma coordenação junto a SMS que trate das questões étnico-raciais visando a transversalização das temáticas em todos os programas;
-        Implementar um programa de medicina tradicionais junto a gerência de atenção básica;
-        Organizar e articular as diversas organizações sociais existentes na cidade, visando a sua formação e posteriores parcerias para auxiliar as questões no trabalho de promoção á saúde;
-        Potencializar as ações do controle social ampliando os percentuais de participação da comunidade, como agregando novos atores a rede de articulação;
-        Utilizar dos meios de comunicação em geral das rádios comunitárias para o repasse das informações em saúde;
-        Capacitar os profissionais da SMS e os representantes do Conselho Municipal nas temáticas referentes à questão étnico-racial;
-       Combate ao racismo institucional e intolerância religiosa;
-       Levantar o que caracteriza o racismo institucional e da tolerância vigente no município de São Francisco do Conde junto as suas instituições de saúde;
-       A secretaria tem que criar mecanismos  que dêem conta de socializar os temas em pauta nesta oficina para os  conselhos;
-       Pensar ações intersetoriais com  as  secretarias de educação e assistência social;
-       Transversalizar a categoria étnico-racial nos projetos de  comunicação e ação em saúde. Exemplo: campanha da vacinação, cartazes públicos com símbolos da cultura negra;
-       Capacitar os profissionais para o atendimento a população negra; 
-       Pensar ações em serviços dentro das instituições;
-       Ampliar a discussão dos conceitos como intolerância racial, preconceito, categoria étnico-racial de modo a unificar a  dos conceitos debatidos como cidades saudáveis, desenvolvimento sustentável, agenda 21;
-       Formação e informação contínuas.
No que compete à avaliação do evento pelos participantes a tabulação dos dados das fichas de avaliação preenchidas pelos participantes apresentou resultados de satisfação na grande maioria do público. Pontos como conteúdo, tempo de duração, domínio técnico dos convidados e outros pontos discriminados na ficha, foram avaliados como ótimo e bom, somente sendo registrado um indicativo de insatisfação no tópico tempo de duração. As oficinas também corresponderam às expectativas dos participantes, conforme aponta a qualificação variando entre ótimo e bom a indicação sobre estas atividades.
Quanto ao local escolhido e a recepção e condução da assessoria técnica do evento não houve muita alteração quantos aos indicativos anteriores apontados pelos participantes.